O principio mutualista das primeiras companhias de seguros não partia só destas para com os seus associados (no início principalmente armadores), mas também, destes para com todos os outros membros isto é, era criado um fundo pecuniário em que todos contribuíam com uma quota-parte sob a forma de prémio (expressão ainda hoje utilizada), que servia para, caso houvesse algum sinistro com os seus navios, recorrer a esse fundo afim de minimizar perdas e danos.
Hoje, esse princípio está muito aquém de poder ser aplicado. Desde a postura socialmente egoísta, até à metamorfose das companhias de seguros em empresas, quase exclusivamente, com fins lucrativos. O senso comum aponta esta última, a única causa da morte do princípio mutualista.
Não querendo ocupar a posição de advogado do diabo, o que é facto é que as seguradoras não sobreviveriam à “lapidação” financeira de que têm vindo a ser alvo por parte do número crescente de sinistros, principalmente automóvel, provocados na maior parte das vezes por falta de responsabilidade social, quer sejam condutores, peões, entidades regularizadoras de tráfego, prevenção e protecção, inspecções periódicas aos veículos, etc., se se movessem, única e exclusivamente, sob a filosofia desse princípio.
Aquela postura de que o sismo no Haiti, o desastre de comboio na África do Sul, as cheias e desabamentos na Madeira, o atentado ao World Trade Center, a guerra no Afeganistão, o vulcão na Islândia ou simplesmente, o acidente de que o vizinho foi alvo não nos afecta, é um engano pois, a única diferença que há é a angústia de momento, porque pagar, e com dever, pagamos todos.
Daquele queixume do aumento dos prémios de seguros, a tendência é acusar as companhias de seguros da sua apetência aos lucros mas, o esquecimento é total que elas são alvo de um número cada vez maior de sinistros fraudulentos em que os protagonistas, por vezes, são considerados “heróis” da esperteza. E depois vem o justo dizer: - Então eu que nunca tive nem provoquei um acidente, pago tanto como aquele que teve? Não é justo! - Pois não, assim como não é justo a sociedade alhear-se e dizer que em relação aos “heróis” da esperteza nada têm a ver.
Pode-se deduzir das palavras atrás, que se está a tomar o partido das companhias de seguro, tentando justificar plausivelmente o aumento dos prémios de seguro que se verifica todos os anos. Muito pelo contrário, o que se pretende é consciencializar que é preciso tomar atitudes mais maduras, responsáveis e que, todos têm a ver com todos.